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Vida contemplativa

                        O Livro dos Espíritos, Parte Terceira, Capítulo II, questões 657

       

        657 Os homens que se entregam à vida contemplativa, não fazendo nenhum mal e pensando apenas em Deus, têm mérito perante Deus?

 

– Não, porque se não fazem o mal também não fazem o bem, e são inúteis; aliás, não fazer o bem já é um mal. Deus quer que se pense n’Ele, mas não que se pense apenas n’Ele, uma vez que deu ao homem deveres a cumprir na Terra. Aquele que consome seu tempo na meditação e na contemplação não faz nada de meritório aos olhos de Deus, porque a dedicação de sua vida é toda pessoal e inútil para a humanidade, e Deus lhe pedirá contas do bem que não tiver feito. (Veja a questão 640.)

 

 

Comentários

        Jesus é o nosso guia e modelo (LE 625) e, portanto, ele é o que nos indica o caminho a seguir e o que nos oferece seus próprios exemplos a serem copiados. A sua passagem pela Terra foi marcada pelo trabalho, pela oração e pelo convívio social. Como ele poderia ter legado o Evangelho luminoso à humanidade se vivesse no isolamento do deserto, afastado das pessoas? É claro que ele buscava a solidão para se integrar ao Pai, por meio da oração (“E, despedida a multidão, subiu ao monte a fim de orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só.” – Mt 14, 23), mas a sua mensagem foi transmitida junto às massas, geralmente, ou a um pequeno grupo de seguidores, eventualmente. É impossível imaginar o Cristo dedicado exclusivamente à vida contemplativa. (Vide Emmanuel/Chico Xavier, Caminho, Verdade e Vida, lição de nº 6). 

        Kardec, na obra O Céu e o Inferno, explica que “A encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do Espírito: ao progresso intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das boas ou más qualidades.A bondade, a maldade, a doçura, a violência, a benevolência, a caridade, o egoísmo, a avareza, o orgulho, a humildade, a sinceridade, a franqueza, a lealdade, a má-fé, a hipocrisia, em uma palavra, tudo o que constitui o homem de bem ou o perverso tem por móvel, por alvo e por estímulo as relações do homem com os seus semelhantes. Para o homem que vivesse insulado não haveria vícios nem virtudes; preservando-se do mal pelo insulamento, o bem de si mesmo se anularia. ” (  Cap. III, item 8  )

        Finalmente, reproduzimos trecho de mensagem intitulada “A solidariedade”, que um Espírito ditou e Kardec inseriu na Revista Espírita, de março de 1867: “O homem não é um ser isolado; é um ser coletivo. O homem é solidário do homem. É em vão que procura o complemento de seu ser, isto é, a felicidade em si mesmo ou no que o rodeia isoladamente: não pode encontrá-la senão no “homem” ou na “humanidade”, tanto que a infelicidade de um membro da humanidade pode afligi-lo.”

        Muita paz! 

 

           

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